Em 2018 comemoramos os 50 anos da Conferência de Medellín. Esse evento foi um marco histórico para a Igreja da América Latina, significou um ponto de partida para a construção de uma identidade eclesial no continente. No esforço de aplicar o Concílio Vaticano II, o episcopado recolhia as intuições e orientações conciliares como fontes e metas de um projeto eclesial que, desde então, vai sendo assumido pelas Igrejas de diversos países. O aggiornamento proposto por João XXIII encontrou na América Latina um canteiro fecundo de germinação, como Igreja identificada com os pobres, sinal do Reino, defensora da justiça e da comunidade ministerial. Nas décadas que se seguiram à Conferência, o rosto de uma Igreja latino-americana tomou formas sempre mais nítidas na práxis e no pensamento eclesiais, nas orientações dos magistérios locais, nas reflexões teológicas, na formação de comunidades eclesiais de base e na luta pela defesa da justiça e da liberdade. /nA presente obra recolhe testemunhos e reflexões de sujeitos eclesiais comprometidos com essa tradição, que já conta com cinquenta anos. Como evento eclesial fontal, Medellín permanece jorrando rumo e sentido para as Igrejas do continente e para a Igreja universal. Revisitar essa fonte torna-se um ato fundamental neste momento em que o continente se insere de maneira própria nas dinâmicas econômica, social, política e cultural do planeta. O que Medellín tem a dizer para nossos dias? Como reler hoje suas orientações? Como avançar em suas intuições e orientações, tendo diante dos olhos e sob os pés a nova situação continental? Cada texto que compõe o conjunto da presente obra pode contribuir com as respostas a tais questões. /n