Este livro é um convite a pensar a arte no contexto educativo. Sob a perspectiva histórico-cultural de Vigotski, a arte é uma atividade humana singular, com leis próprias. Estrutura-se por meio de materiais, formas intencionalmente dispostas com o fim de provocar reações estéticas aprendidas culturalmente. Materializa a emoção por meio dessa estrutura. Por meio da organização do espaço educativo voltado para a experiência estética, a arte pode ser vivenciada de forma autêntica. Por intermédio de experiências cuja intencionalidade pedagógica é voltada para esse fim. Para Vigotski, todas as pessoas podem vivenciar a arte. A instrumentalidade educativa, às vezes, transforma a arte em ferramenta pseudolúdica, afastando-a de seus reais objetivos perante a vida e a educação. Tal abordagem distancia as pessoas da possibilidade de viver a arte como uma atividade humana singular entre outras e cobre-a de mitos, como se fosse uma atividade irrelevante ou para poucos privilegiados. A tarefa da educação estética passa a ser, então, criar condições para essa desmistificação e para a vivência criativa da arte. A perspectiva histórico-cultural mostra que é possível a todas as pessoas compreender, interpretar, expressar-se e criar artisticamente. Revela a arte como uma atividade essencial para o desenvolvimento humano, na cultura, em lugar de um mero passatempo. Evidencia ainda que a arte cumpre uma função ímpar no tocante à vivência e à consciência das próprias emoções. Para Vigotski, “a arte é o social em nós”. Como seres sociais, nós a criamos e dela temos necessidade para que sejamos seres humanos completos, na unidade afeto-intelecto que somos. Educar esteticamente é dar o lugar devido à arte na educação. É ainda, resgatar a vivência de nossa humanidade adormecida pela escola.