Os termos de bem viver foram largamente utilizados como meio de saber/poder durante as últimas décadas do período imperial brasileiro, servindo como um instrumento discursivo produtor de identidades, principalmente a do “vadio”. O discurso da vadiagem, nesse contexto, ganha então uma singularidade, pois não diz respeito à exclusão do indivíduo tipificado, mas pelo contrário, refere-se à sua inclusão. Uma vez que o discurso pretendia construir uma adequação do indivíduo ao sistema de trabalho e à construção da unidade nacional, ou dizia respeito ao modo tradicional de vida que a elite queria eliminar, o instrumento disciplinar de termo de bem viver foi o corolário utilizado não somente pelo poder legal, mas por determinados membros da sociedade que se faziam representar em causa própria, “legislando em causa própria”, no momento em que eles apropriam-se dos mecanismos jurídico-policiais para defender seus pequenos negócios ou causas. As contendas e as querelas familiares fazem com que vizinhos e amigos deixem de pertencer ao estritamente privado e ganhem o âmbito público e policial. Deste modo, a normatização do saber/poder é exercida em forma de “rede”, passando toda a sociedade a ter o conhecimento do cotidiano da vida comum que é registrada em processos, dossiers, e finalmente, em arquivos que circulam pela sociedade são formas de uma rede hierárquica de saber chegando até aos olhos do Imperador D Pedro II.
Código: |
27649 |
EAN: |
9788580422566 |
Peso (kg): |
0,382 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
1,20 |
Especificação |
Autor |
Eduardo Martins |
Editora |
EDITORA CRV |
Número Edição |
1 |