Um crime é uma exceção que num dado momento rompe com a ordem estabelecida, negando-a e suspendendo a cotidianidade com a qual nos acostumamos. E é então quando se estabelece essa tensão entre aquilo que consideramos normal e o que nos surpreende porque excede tal normalidade, que experimentamos uma forma de percepção da existência do mundo, dos outros e de nós mesmos. Somos tomados por uma agonia que exige-nos a constituição de um saber, uma compreensão. Essa é uma das origens das reflexões que fazemos, das mais simples às mais elaboradas, e que se traduzem em discursos. Quando a historiadora Joelma Rodrigues da Silva investigou o “Caso Ana Lídia”, o assassinato de uma criança, uma história que continha todos os elementos que possui a vida humana e que envolvia uma comunidade em sua integralidade, foi preciso que buscasse aquilo que as narrativas dos jornais não dão a ver, devido à necessidade de fazer parecer simples. Então a sua busca de compreensão teve de acrescentar o imaginário, as relações de poder, a análise do discurso, as representações sociais, as questões de gênero, a construção da santidade, conceitos adequados para pensarmos a complexidade da vida humana. Compreender profundamente o “Caso Ana Lídia” é antes compreender, na história da humanidade, as operações que mantém as superioridades de uns sobre outros, a negação da humanidade do outro e as estratégias de desvio para suportar o peso que a simplificação da vida cotidiana nos traz. Deusdedith Alves Rocha Junior
Código: |
27068 |
EAN: |
9788580426397 |
Peso (kg): |
0,488 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
1,40 |
Especificação |
Autor |
Joelma Rodrigues da Silva |
Editora |
EDITORA CRV |
Número Edição |
1 |