O insólito literário é a chave de leitura que consegue dar conta dos absurdos da história recente humana, perpetrados pelos processos de colonização europeus. E Roque Larraquy tece com maestria seu insólito, adicionando temas caros à ficção científica nesta crítica a facetas argentinas que esse país desejaria esquecer.
A telepatia nacional, como nas melhores histórias da literatura fantástica, insere nomes reais em uma trama ficcional complexa. Inicia com o sequestro de índios da Amazônia peruana em 1930, que são levados, através do Brasil, a Buenos Aires. O objetivo? Replicar em solo portenho o projeto asqueroso europeu que gerou lucros imensos no séc. XIX: um zoológico humano.
Contudo, se esse enredo parece focar no passado, não se engane! Larraquy se vale de tais acontecimentos com o intuito de minar nossas certezas sobre a diferença entre o real e o imaginado, a memória e o delírio e, por fim, o que se é e o que se pode ser.
Somente o contato com o Outro pode fazer o indivíduo escapar, mesmo que um pouco, de si mesmo. “Não creio que nascer e crescer em algum lugar imponha a condenação de uma única visão do mundo, nem que a terra ou a cartografia do Estado sejam a prisão de uma identidade”, lemos em certo ponto do livro.
A ficção científica se consolidou nos temas dos contatos e das identidades e este romance é a prova de que Larraquy sabe usá-los de forma habilidosa.
Código: |
132240 |
EAN: |
9786556811543 |
Peso (kg): |
0,320 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
0,76 |
Especificação |
Autor |
Roque Larraquy |
Editora |
MOINHOS |
Ano Edição |
2023 |
Número Edição |
1 |