• Traços da história e identidade da atuação brasileira

“Dá conforto ver que nossos artistas têm, nesta admirável figura de comediante, um exemplo de como a classe pode meditar sobre seus problemas e obrigações, iluminando-se de descobertas e julgamentos. Esta é a força do teatro brasileiro que indaga, procura, experimenta, diversifica-se e ganha seriedade intelectual sem perder o viço das coisas naturais. Fazendo rir, fazendo chorar, empolgando e seduzindo o público até forçá-lo a buscar também o significado da vida, nossa Fernanda Montenegro tem a sabedoria do talento curtido na ação.”
– Carlos Drummond de Andrade

Não estou querendo relacionar a interpretação brasileira com tortices ou esquisitices. Mas nós somos, sim, um povo formado por tortices e esquisitices. Uma alegria ensandecida e um pouco irrazoável e muita dor disfarçada, muita dor ocultada. Então adorei essa ideia de um tipo de atuação que não se firma, que não se afirma heroicamente. Mas que tateia entre a alegria e a dor profunda o seu fazer, seu mecanismo de fazer. Acho que isso caracteriza o brasileiro. Por causa da formação à qual a gente foi submetido. Há algo de humilhante na nossa formação. Isso resta nos corpos de quase todos os brasileiros. Dos restos, isso ficou nos nossos corpos. Tem uma humilhação da escravidão, o massacre indígena, do exílio, das pessoas que fracassaram nos seus países e vieram para o Brasil, meio que recentemente, para tentar a vida. Sempre é um povo muito dominado por alguns poucos poderosos.
– Matheus Nachtergaele

“Otelo é chamado para o primeiro show da noite. Eis que nosso entrevistado foi para o palco. O que sucede então é indescritível. Como se um demônio de alegria fosse soltado subitamente no meio do salão, espoucam gargalhadas por todos os lados. Não gargalhadas de quem ri porque está pagando para se divertir, mas gargalhadas sinceras, gargalhadas causadas por um verdadeiro espetáculo surrealista. Os espectadores ficam presos àquele descomunal par de beiços que aumentam cada vez mais, àqueles dois círculos alvinegros que fazem as vezes de olhar, aquela voz que se quebra nos mais diversos tons, àquele esquisito corpo que assume as mais diversas poses. Grande Otelo domina. Domina com um absolutismo de dar inveja a qualquer um dos mais truculentos ditadores.”
– Samuel Weiner

Código: 232187
EAN: 9788584045280
Peso (kg): 0,407
Altura (cm): 2,00
Largura (cm): 21,00
Espessura (cm): 14,00
Especificação
Autor Ney Piacentini
Editora HUCITEC EDITORA
Ano Edição 2025
Número Edição 1

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Traços da história e identidade da atuação brasileira

  • Disponibilidade: Esgotado
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