São Roque é uma das grandes expressões da religiosidade popular no fim da Idade Média. Sua vida se situa no século XIV, sem que se disponha, porém, de dados precisos, nem quanto às datas, nem mesmo quanto aos lugares pelos quais passou, como um andarilho inquieto, fazendo o bem, cuidando dos doentes com as técnicas elementares aprendidas em Montpellier, na famosa faculdade de medicina e, provavelmente, sua cidade natal.Como escreve a autora, a presente obra, que ressalta a diversidade dos dados e das interpretações de que dispomos a propósito de são Roque, é uma mensagem que "deixa para trás a emergente cultura urbana, voltada para a produção e para o mercantilismo, abandona os parâmetros cartesianos do mundo moderno para propor a importância de nos desprendermos dos valores inconstantes deste mundo e fixarmos o centro de nossa vida nos valores que permanecem" e que são os mais importantes do ponto de vista da santidade.São Roque é um sinal vivo, na simplicidade de sua biografia, que a posteridade medieval, repleta de criatividade, locupletou de lendas e narrativas maravilhosas, vinculadas, na maioria das vezes, à sua condição de peregrino capaz de curar os enfermos da peste, que nessa época grassava na Europa. Sua história é contada sobretudo em duas "legendas" as quais transferiram da imaginação popular para os documentos institucionais da Igreja, o perfil de um santo que até hoje inspira santuários e festividade, em torno do dia 16 de agosto.