Ainda que haja estudos e pesquisas que colocam a participação política juvenil em dois polos opostos – de um lado a participação plena, de outro a apatia –, o que podemos enxergar além dessa polarização? A experiência da participação representa, sem dúvidas, uma forma na qual os jovens podem vivenciar a construção de pautas, agendas e ações coletivas. Dentro dessa perspectiva, apresento uma análise do processo de implementação do Centro de Referência da Juventude (CRJ) em Belo Horizonte, política pública cuja formulação se inicia formalmente em 2006. Este livro é oriundo da minha dissertação de mestrado, que tem por objetivo geral compreender a relação entre ativismo juvenil e políticas públicas de juventude, observando como o Centro contribui na relação entre movimentos juvenis e a delimitação de políticas públicas de juventude em Belo Horizonte. Tento observar também a dinâmica da participação juvenil no processo de interlocução com o poder público no que tange à implementação do equipamento público. Lanço mão da epistemologia feminista para poder compor um escopo metodológico cujos métodos utilizados foram a entrevista semiestruturada, o levantamento documental, diário de campo, a observação participante e um diário de reminiscências, que consiste em um caderno de lembranças sobre a minha participação no contexto de debate acerca do Centro de Referência. Como principais resultados, aponto a intensa presença feminina/feminista nos processos políticos de juventude e destaco a necessidade de compreender as políticas públicas de juventude em um âmbito geracional.