A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) alimenta o debate sobre o crescente papel econômico e político das empresas multinacionais (EMN) na sociedade e sobre os interesses que estão em jogo. Esta pesquisa propõe entender as práticas de RSE e sua institucionalização com base em múltiplas lógicas em ação com atores imbricados nos contextos institucionais. A governança corporativa e os recursos humanos são duas áreas de superposição dos níveis nacionais e internacionais. No entanto, as práticas internas de RSE foram pouco estudadas em relação às externalidades causadas pelas EMN, particularmente, por EMN de economias em desenvolvimento com subsidiárias em países desenvolvidos. A pesquisa empírica foi conduzida no Brasil e no Canadá com duas EMN de mineração – Kinross Gold e Vale – presentes em ambos os países em foco, a fim de comparar os processos de adoção e de incorporação da RSE interna nesses países e corporações. A perspectiva das Lógicas Institucionais forneceu uma abordagem sistemática para a análise da heterogeneidade cultural nos países de operação e para a compreensão das ordens institucionais em jogo na institucionalização da RSE nas relações capital/trabalho. Com a abordagem das Lógicas Institucionais, este estudo revela as configurações institucionais da RSE interna em cada país mediante diversas conjunturas críticas, tais como o processo de adoção e de implementação da RSE, a crise financeira, as relações trabalhistas e a segurança no trabalho. As lógicas de mercado e da corporação são alteradas, em circunstâncias específicas, pelas lógicas profissional, estatal e comunitária. Um achado da pesquisa aponta os instigadores das mudanças institucionais relacionadas à RSE, entre eles, a incorporação dos relatórios de RSE nas bolsas de valores, levando a lógica de mercado a assimilar o vocabulário das práticas de RSE da lógica comunitária. Eventos críticos, como acidentes fatais, crises financeiras e greves também provocaram mudanças, geralmente, reforçando a lógica corporativa dominante, no caso da Vale. Entretanto, em saúde e em segurança no trabalho, a configuração institucional da RSE interna no Canadá impulsou o blending da lógica profissional, sustentada pelo know-how dos sindicatos, objetivando reverter uma série de fatalidades. Outro achado se refere à assimetria de poder em favor das EMN, que chama para sua maior responsabilidade mediante práticas simbólicas e materiais. As relações de poder são escamoteadas nos discursos e nas práticas de RSE, e os empregados e o governo adquirem o mesmo status do empresário/produtor como responsáveis pelo futuro do planeta e pela salvação da vida. A RSE se apresenta, assim sendo, no centro das complementaridades e das contradições de múltiplas lógicas institucionais. Enquanto as lógicas de mercado e da corporação mantiverem sua dominância, prevalecerão abordagens centradas na corporação com as correspondentes contradições em relação aos trabalhadores e aos territórios onde operam.
Código: |
27270 |
EAN: |
9788544421451 |
Peso (kg): |
0,400 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
1,50 |
Especificação |
Autor |
Annie Lamontagne |
Editora |
EDITORA CRV |
Número Edição |
1 |