Minha trajetória educacional, inicialmente, foi como professora da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, depois como orientadora Educacional das séries finais do Ensino Fundamental II e, na sequência, como Supervisora Pedagógica do Ensino Fundamental II, I e Ensino Médio. Atuei também como Coordenadora de Desenvolvimento e Promoção da Educação e, atualmente, sou Assessora de Gestão Pedagógica do Colégio São Francisco Xavier, instituição na qual trabalho durante todo esse tempo, cenário de minha trajetória profissional, que me possibilitou grandes aprendizados e descobertas acerca da educação das crianças e dos adolescentes. O casamento, em paralelo aos estudos e às conquistas profissionais, trouxe-me a experiência da educação das duas filhas, Ana Carolina (24) e Luísa(20), e de novos aprendizados, que tinham por objetivo sustentar, na condição de mãe, o discurso que apresentava às crianças, adolescentes e pais, no decorrer de minha caminhada. Um discurso que prega uma educação pautada em limites claros, convicções estabelecidas, regras para serem cumpridas. Uma educação de muita firmeza, com clareza de propósitos e, sobretudo, muito amor. Um ensaio sustentado no legado principal deixado por meus pais: o de educar para a integridade, para a vida e para a cidadania. Neste sentido, aprendi muito cedo, e com os meus pais, que pai é pai e filho é filho. E eles não precisaram ter formação acadêmica avançada para ter essa clareza. O diferencial era que tinham segurança do que queriam dos filhos. Não das coisas materiais, como nos novos tempos, mas tinham tranquilidade e assumiam, integralmente, a responsabilidade de cuidar da formação moral e humana de cada um. Perdiam tempo para sustentar um não, mas não abriam mão dos valores essenciais à vida. Diziam sim e não com convicção. Apenas o fato de serem pais já era suficiente para imporem respeito e saberem o que era o melhor para o filho. E, por isso, não tinham dúvidas sobre as suas crenças. Educavam para a fé, para a busca de uma formação completa. Educavam com sabedoria. Hoje, entretanto, talvez falte essa sabedoria a muitos pais. Acompanhar o ritmo das tecnologias de ponta e das exigências do mercado de trabalho tem produzido pais, mestres, doutores e portadores de títulos diversos, porém às vezes leigos em ensinar o óbvio a seus filhos. Se por um lado ganhamos com a evolução da tecnologia e seus desdobramentos para a sociedade, por outro, perdemos muito por termos descuidado das coisas simples, aquelas ensinadas por nossos avós: respeito, solidariedade, limites, fé, autoridade, dignidade, humildade... Tudo isso sempre foi muito claro quando aos pais cabia o compromisso de educar, de ditar as regras, e aos filhos o de obedecê-las. Hoje dita as regras? Quem educa? As escolas não sabem mais se devem ensinar os conteúdos de cada disciplina ou se devem educar. E educar é muito mais do que ensinar... é formar valores, ética...E isso é tarefa primeira dos pais. Se a criança for bem educada, terá melhores condições de receber os ensinamentos que a escola oferece. Muitos têm sido reféns daquelas crianças cujos pais não têm consciência de seu papel e preferem terceirizar a educação, transferindo a responsabilidade de educar.Não são raras as vezes nas quais crianças e adolescentes têm ocupado o lugar de educadores e pais, ditando as regras, conduzindo os rumos dos lares ou das escolas como os senhores da situação. E não são raras as vezes em que nos deparamos com pais que se sentem impotentes diante dos filhos em situações simples, claras, que precisam apenas do discernimento do papel de cada um. E agora? A quem cabe realizar esse papel? Onde estão aqueles heróis anônimos chamados pais que foram fonte de inspiração para a formação de caráter, retidão, simplicidade e humildade de várias gerações, mas estão ausentes na figura dos pais e filhos dos tempos modernos? É com a intenção de refletir sobre esse novo modelo de educação que proponho um Conserto para a Juventude. Um posicionamento fundamentado em minhas convicções, na condição de mãe, e de educadora.