Ao contrário das provocadas pelas ondas do mar, e por isto visíveis, as da alma não podem ser vistas ou identificadas. São pessoais e intransferíveis. São únicas a cada indivíduo. São impenhoráveis e irretratáveis. Assim que o corpo perde a vida, a alma deixa de existir. Não tem um local em que ela esteja alojada, embora alguns sonhadores poetas dizem que se guarnece no coração. Este espírito, que norteia os sentimentos de cada pessoa, é o que o difere dos demais animais, e, inexplicavelmente, não há receituário médico para os seus males. Neste livro, ela salta de personagem em personagem, tanto nas crônicas como nos contos, com uma intensidade que certamente colocará o leitor em constante enfrentamento. Desejos, raiva, alegria, curiosidade, tristeza são encontrados com frequência no decorrer dos textos. Estas narrativas impulsionarão o leitor no espelhamento dos seus próprios, e o farão reencontrar com o guardado em algum lugar não identificado do seu corpo e que por mais que o procure não o encontrará, mas saberá que existe. Quando se manifestam? Ah! Quando acontece o resultado é imprevisível. Mas com certeza, como já dissemos, resulta de um somatório do até então vivido. Boa leitura.