Já era tempo de a obra de Tércia Montenegro ser analisada como merece no território acadêmico. Da menina que aos 20 e poucos anos estreia com uma louvável maturidade literária, à escritora de agora, com uma significativa obra que passeia por gêneros diversos, e reconhecida nacionalmente como uma das revelações deste século, Lúcio Flávio Gondim esmiúça as dimensões do gênero conto pela artesania da autora, como quem toma um corpo para estudar sua anatomia. Entretanto, esse corpo de conto, diferente de um morto num necrotério, é vivo e pulsante porque revive a cada nova leitura e/ou releitura. A corporeidade do gênero conto e das personagens da autora é o foco do refinado ensaio de Gondim, fruto de sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-graduação em Literatura Comparada sob minha orientação. Destaco a escrita de Gondim, que não se contenta em análise tradicional e meramente acadêmica. Nesse sentido, ele é transgressor e performático em seu estudo, a partir do modo como organizou o sumário, fazendo cada parte do livro corresponder a uma parte do corpo humano. Esses fragmentos do “corpo sem órgãos” deleuziano vai mediando a leitura dos contos de Tércia. Não é mero jogo criativo. É que nesse empreendimento a escrita de Lúcio torna-se xipófoga ao se unir à escrita de Tércia. Assim, o que o autor propõe é um duplo jogo analítico onde os contos da autora dialogam entre si ao mesmo tempo em que suas temáticas são abordadas. É corpo fragmentado, mas reunido ricamente no procedimento de uma abordagem rizomática. O livro é, portanto, um corpo-cidade construído por Tércia Montenegro e bem mapeado por Lúcio Flávio Gondim.
Por Prof. Dr. Cláudio Rodrigues (UFC-CE)
Código: |
171640 |
EAN: |
9786557781098 |
Peso (kg): |
0,250 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
1,00 |
Especificação |
Autor |
Lúcio Flávio Gondim |
Editora |
ZOUK |
Ano Edição |
2023 |
Número Edição |
1 |