O poeta João Cabral de Melo Neto construiu, ao longo de sua obra, uma poética mineral. São versos, metrificados ou não, que contam muito da vida do Nordeste com seu povo e seus hábitos. A sua linguagem - aqui nomeada 'idioma pedra', alimentada na memória de uma infância vivida em meio às canas e às usinas de açúcar, em Recife, com a seca e a fome dando direção à mão que escreve - traduz um Brasil singular. Alguns de seus poemas como 'Morte e Vida Severina', considerado um Auto de Natal pernambucano, e 'O Cão Sem Plumas' ou 'O Rio', empreendem uma viagem na escrita que nos levam a querer ler poesia brasileira, pois o aprendizado se dá com as narrativas de costumes e de geografias várias. Tal empreitada avança com as palavras de pedra, caroço, osso, faca, deserto, entre outras, para identificar na língua um 'escrever em nordestino'. O poeta João Cabral apresenta os seus poemas perseguindo uma construção arquitetada. Ele vai colocando os versos 'como se fossem tijolos'. 'É por isso que posso gastar anos fazendo um poema: porque existe planejamento', nos diz em entrevista. De acordo com o que vamos encontrando ao longo desse caminho, podemos nos surpreender e verificar que a obra de João Cabral escreve Recife e seus restos, e as inúmeras viagens do poeta pelo mundo, mas, ainda inscreve o nome próprio do poeta na poética que se desdobra na fórmula Cabral/cabra.
Código: |
45061 |
EAN: |
9788527308847 |
Peso (kg): |
0,160 |
Altura (cm): |
22,50 |
Largura (cm): |
12,50 |
Espessura (cm): |
1,10 |
Especificação |
Autor |
Achille Mbembe |
Editora |
PERSPECTIVA |
Ano Edição |
2010 |
Número Edição |
1 |