Da grande saúde em Nietzsche: para além do melhor e do pior busca fazer uma breve imersão em uma região sensível da obra de Nietzsche: a articulação entre saúde e doença. Para isso adentra num universo onde os limites são tênues, onde as fronteiras tocam sua dissolução, onde a conversa se expande para campos inaudíveis e margeados pelo paradoxo: a filosofia conversa com a música, a doença com a saúde, a abundância com a privação, o grande com o mínimo, o excesso com a escassez, o pensamento com o corpo, sem encontrar síntese possível. A textura é a da tensão, a riqueza é a das margens: o fio tênue da intensidade de tudo o que vive. Humano, demasiadamente humano é o lócus principal que se escolheu para essa empreitada, porquanto o período no qual Nietzsche se viu fisiologicamente debilitado, com fortes cefaleias, foi também aquele no qual ele pôde conquistar uma grande saúde e experimentar o modo como se trabalha no submundo dos ideais, iniciando assim a visada de uma discussão que será retomada no século seguinte por pessoas tais como Georges Canguilhem, Sigmund Freud e Lévi-Strauss: qual a diferença entre o normal e o patológico? Buscando levar a discussão para além do âmbito conceitual, Da grande saúde em Nietzsche retoma o eixo no qual a discussão sobre a saúde e a doença se dirige aos convalescentes em geral e a uma lida com a vida que busca afirmá-la para além do melhor e do pior.