A violência estatal e de classe é fator essencial da sociedade brasileira. De forma pertinente a análise de Kathiana Pfluck Arend se debruça sobre tal problemática, desvelando as raízes históricas dessa manifestação encontrando sinais visíveis de sua presença ao longo do tempo. A reflexão, ancorada no presente, parte da constatação constrangedora dos índices intrínsecos à realidade do país e da maior de todas as violências, a que se expressa através de uma das maiores desigualdades sociais e concentrações de renda do planeta. A análise se sustenta no rigor ético, no respeito dos cânones da produção científica e da sensibilidade cidadã da autora. A obra historiciza a ação penal do Estado brasileiro e dialoga com experiências correlatas da América Latina, o que lhe permite distinguir, entre os fatores gerais, a singularidade nacional, particularmente os traços de continuidade do neoliberalismo, o custo político da impunidade dos crimes de lesa humanidade, a irrupção da extrema direita e do discurso do ódio, a persistência do racismo estrutural e a criminalização e extermínio da população da periferia. Trata-se de uma leitura instigante sobre o Brasil e as raízes do seu tempo presente. Enrique Serra Padrós Departamento de História/UFRGS