Em agosto de 1949, uma multidão se aglomerava ao lado de convidados ilustres no centro da cidade do Rio de Janeiro para assistir à inauguração do monumento ao duque de Caxias na Praça da República. A solenidade era o ponto alto de uma série de comemorações oficiais, que duraram vários dias em todo o território brasileiro. A exaltação patriótica promovida por essa semana de festas coroava um movimento de “culto a Caxias” iniciado pelo Exército ainda em 1923, e que o transformaria em seu “patrono”. Mas a história desse homem, um general do século XIX, ficou para trás, esquecida sob o peso do monumento que o transformava em herói nacional. Em Duque de Caxias: O homem por trás do monumento, Adriana Barreto de Souza busca ir além da imagem construída pelo Exército e por interesses políticos, e repetida pelas biografias ao longo dos anos: a de modelo ideal, quase sacralizado, do soldado brasileiro e de militar “caxias”, implacável na repressão a movimentos populares ou a inimigos políticos. A autora revela um outro Caxias, o Luiz Alves de Lima e Silva, membro de uma família de militares portugueses que ascendeu na sociedade imperial da época até atingir o topo da sua hierarquia. O livro restitui a dimensão humana e histórica do personagem, antes de tornar-se o duque-monumento que hoje conhecemos. Adriana Barreto reconstrói, nesta obra, a vida e trajetória militar de Duque de Caxias, desde a chegada de sua família ao Brasil até sua morte, em 1880. A autora aborda os comportamentos e estratégias do militar em suas diversas batalhas, sua ascensão na carreira militar e os principais fatos de sua vida pessoal, o convívio com os familiares e amigos e seu dia-a-dia como um homem comum, mostrando o lado pessoal deste herói, até agora conhecido apenas por sua rigidez e métodos de estratégia militar.Do período de formação de Caxias até a pacificação do Rio Grande do Sul, esta biografia salienta dois momentos cruciais na vida de Luiz Alves de Lima: o casamento com uma filha de duas das famílias mais importantes do Rio de Janeiro e o aprendizado político de sete anos como comandante das Guardas Municipais Permanentes da Corte. A ascensão social e a habilidade de mediador foram aí consolidadas. Fundamentado em sólida pesquisa documental e animado por um rico diálogo com a teoria social, este livro é um modelo de como a pesquisa acadêmica pode tornar a história do Brasil mais rica, densa e interessante.