Não podemos, no presente século, seguir reproduzindo um pensamento mistificado sobre as religiões afro-brasileiras, sendo que a escola pode ter um importante papel na ressignificação dessa visão distorcida e no combate ao preconceito. É mais que chegado o momento de nos rebelarmos contra toda e qualquer forma de colonização do pensamento, das mais evidentes às mais sutis, sendo estas últimas as mais difíceis de combater, pois elas se escondem na negação do brasileiro, de uma forma geral, de se reconhecer como racista e preconceituoso. Porém, se entendermos que essa maneira de pensar ou representar o negro e junto a ele, as religiões afro-brasileiras, está ancorada em teorias, crenças e uma racionalidade ainda muito baseada na experiência de um colonizador que permanece no inconsciente coletivo da população, talvez possamos começar a refletir com mais discernimento em relação aos fatores que se conjugaram e ainda se conjugam em nossa sociedade e, muitas vezes, em nós mesmos, para essa negativação do negro e de tudo a ele associado. Dentro dessa perspectiva, o livro procurou construir uma linha de raciocínio de forma a contribuir para que o leitor ou leitora possa compreender quais aspectos sócio-históricos contextualizam essa problemática, pois a questão não poderia vir descolada da realidade que a constituiu.