Ao oferecer aos leitores a oportunidade de encarar a surdez sob uma nova luz, como característica de uma minoria que precisa ser plenamente incluída na sociedade, a obra incentiva uma interessante discussão sobre os discursos e as práticas socioculturais em torno da alteridade e da diferença. O livro apresenta uma maneira renovada de ver a questão das minorias e ajuda-nos a descobrir como se constrói o universo de conhecimento do surdo, bem como sua afetividade e sensibilidade. Proporciona, assim, uma oportunidade de nos darmos conta das limitações e das dificuldades que temos em integrar o diferente em nossa vida. Situando-se no contexto dos estudos culturais que se têm desenvolvido na atualidade, bem distantes da pretendida neutralidade científica da modernidade, a autora, mãe de uma filha surda, se faz porta-voz dos surdos que lutam na sociedade para ver reconhecida sua originalidade. Nessa perspectiva, a autora ressalta imediatamente as questões tanto da identidade surda quanto das formas socialmente adotadas para sua educação e integração, vigorosamente discutidas em termos de poder ou significação social do surdo, como portador, na maioria das vezes não considerado, de uma identidade que contribui positivamente para a riqueza da sociedade. As reflexões aqui desenvolvidas, inclusive pela ampla bibliografia indicada no fim do volume, podem ser generalizadas para todas as pessoas com alguma deficiência, de modo que uma concepção de sociedade baseada no respeito às pessoas e na justiça se torne um fermento de profunda transformação das relações de poder tais como hoje são vividas. /n