Somos da mesma matriz política, aquela que nos forjou nas utopias da redemocratização do país – da transição do triste arbítrio iniciado em 1964 para a euforia dos anos 1980 – dos corações libertários das praças, da ascensão dos sindicatos, do movimento estudantil revigorado, do protagonismo das mulheres trabalhadoras e do pensamento feminista, das esperanças renovadas na luta pela universalização da escola pública e da valorização do magistério. Esta obra representa uma dupla celebração: 2025 é o marco dos 40 anos da criação do 1º Centro de Educação Pública (CIEP Tancredo Neves, Catete, no Rio de Janeiro). Por essa razão, partimos para as conversas entre Darcy Ribeiro e aqueles que mergulharam suas vidas na construção de um país das reformas agrária e educacional e de um ideal democrático e de justiça social. Por isso, Paulo Freire, Celso Furtado e Florestan Fernandes. Não se trata aqui de buscarmos uma "unidade" entre esses pensadores, mas de realizarmos um esforço de concebermos, num determinado tempo e lugar, a contribuição de cada um para renovarmos nossas utopias em tempos de um autoritarismo em ascensão no início deste século. Os temporais deste fascismo que se espalha pelo mundo são um alerta de que, da mesma forma que a redemocratização do país, que ainda não se completou, mas nos ofereceu possibilidades de esperanças, nosso ofício agora se volta também às resistências contra o arbítrio, ao negacionismo científico e aos ataques que a Universidade vem recebendo nestes dias tão difíceis. Lia Faria Lincoln de Araújo Santos