Nas últimas décadas, observamos um aumento considerável na produção do conhecimento sobre Educação Física Escolar. Artigos e livros são publicados frequentemente, professores apresentam pesquisas e reflexões sobre a sua prática pedagógica em diversos eventos espalhados por todo Brasil, revistas pedagógicas fazem reportagens sobre o ensino da Educação Física na escola. Todavia, parece que essa área de conhecimento ainda não recebe a devida importância no currículo da Educação Básica. Talvez, isso ocorra porque muitos docentes de Educação Física ainda são considerados como um “rola a bola” da escola. Essa expressão foi criada para se referir àqueles que não sistematizam a sua ação didática e, na maioria de suas aulas, apenas entregam os materiais esportivos para os estudantes e deixam que realizem as práticas corporais que mais gostam sem qualquer orientação, sem objetivos educativos predefinidos, nem avaliação de aprendizado. Isso ocorre em todos os ciclos de escolarização. Felizmente, observa-se um aumento crescente de professores de Educação Física que pensam e refletem sistematicamente sobre a sua prática pedagógica, tematizam diversas manifestações da cultura corporal de movimento, utilizam diversificadas estratégias de ensino, avaliam os seus alunos por meio de diferentes instrumentos e conseguem sistematizar o seu próprio currículo a partir daquilo que compreenderam das diferentes teorias com as quais tiveram contato. Esses docentes passaram a produzir práticas pedagógicas inovadoras na escola. Tendo em vista este cenário, neste livro analisamos os bastidores do cotidiano escolar público, na tentativa de tentar compreender, de forma ampla, as razões do existir de aulas de Educação Física tão diferentes na escola.