Considerando que a escola ao possuir tamanha heterogeneidade e complexidade atua como uma instituição que de certa forma reproduz um considerável retrato da sociedade, assim, os problemas e as questões que incidem em uma certamente encontrão reflexo na outra. Não raro pode-se perceber que o grupo populacional que compõe a Educação de Jovens e Adultos-EJA apresenta uma série de fatores que o suscetibilizam ao consumo e/ou à cooptação do comércio ilegal de drogas. No entendimento de grande parte dos professores, assim como nas normas e regimentos escolares, o consumo de drogas, além de proibido, engendraria uma suposta visibilidade de atos indisciplinares, queda de rendimento escolar e sua descontinuidade no ensino, bem como na forma de abordagem da questão pelos professores em sala, classificando os alunos envolvidos nas drogas como “alunos problemas”, relatado com certa frequência em comentários de colegas professores, em palestras, e orientações pedagógicas. Provocado por essa temática, empenhei-me em pesquisar o processo de interação social a partir dessa ótica, localizando a estigmatização sofrida pelos alunos relacionados às drogas ilícitas ou álcool; a atuação do “empreendedorismo moral” de alguns professores ao abordarem o assunto; e o caráter ora repressivo ora terapêutico das políticas públicas. Então, meus caros leitores, vocês encontrarão nessa obra uma análise foucaultiana da escola como formadora de capital humano criando corpos dóceis e “empreendedores de si”; a análise das condutas consideradas desviantes e a elaboração do empreendedorismo moral por meio de Howard Becker, e dos problemas de interação social advindos da estigmatização, baseado em Erving Goffman. Espero que se deleitem com a leitura da minha obra assim como foi realizador para mim escrevê-la.