Esse livro é uma pantalha móvel em que se refletem os processos complexos da educação dos surdos, as vicissitudes, perdas e ganhos da pesquisa acadêmica sobre as línguas de sinais e tudo quanto vai ligado a elas e às lutas para o reconhecimento dos direitos humanos e linguístico-políticos dos surdos no último quarto do século XX e nos primórdios do século XXI, no Brasil e fora deste. Tudo isso, e um pouco mais talvez, desde o viés do transcorrer da vida e experiência da autora por suas encruzilhadas familiares, acadêmicas, profissionais e políticas, em conjunto com uma geração que soube se engajar nesses conflitos com o compromisso ideológico, as certidões científicas e os afetos por um povo estrutural e particularmente agoniado. A questão conseguiu ser colocada com êxito nas disciplinas acadêmicas, que criaram o pano de fundo para dar profundidade teórica à afirmação de que os surdos são uma comunidade de falantes da língua de sinais, portadora da tradição cultural que se desenvolveu com ela. Já no âmbito profissional, onde os diagnosticadores e terapeutas tinham montado suas bancas e serviços, houve maior confusão. Confusão que se amplificou e virou muitas vezes ridícula nas políticas. Prof. Dr. Luis Ernesto Behares Professor Emérito da Universidad de La República Montevideo Uruguay