O autor deste livro tem uma trajetória marcada pelo interesse pela educação, pelos estudantes, por suas demandas e opiniões. Não é à toa que Anderson elaborou sua dissertação de mestrado voltando-se para o que as e os estudantes de escola pública tinham a dizer sobre suas experiências no Ensino Médio regular noturno e suas expectativas quanto à escola que estudavam. Esta opção manifesta-se no trabalho por colocar no centro da investigação a voz de meninos e meninas com idade entre 17 e 24 anos, inseridos no mercado de trabalho e estudantes de uma escola situada num bairro periférico e com alto índice de evasão escolar. A leitura deste livro toma especial relevância, quando o autor se põe à interpretação do que estudantes de uma escola pública, de um bairro periférico da cidade de Belém, tinham a dizer sobre este nível de ensino, num momento em que o país foi atravessado por uma série de eventos que redimensionaram o debate sobre o Ensino Médio e rejeitaram o protagonismo juvenil. A publicação da Medida Provisória 746/16, as ocupações de escolas e universidades, a reação de governos estaduais a estas manifestações, as audiências públicas e a publicação da Lei 13.415/17 marcaram o período e as discussões sobre a natureza da escola de Ensino Médio, no momento da feitura do texto. Ler o livro de Anderson nos aproxima da realidade das e dos estudantes, inspira outras investigações, aponta caminhos, recomendações e reafirma a noção de que as/os jovens não serão. Já são e tem muito a nos dizer acerca da construção de uma escola pública, gratuita e de qualidade. Lucélia de Moraes Braga Bassalo Prof.ª Dr.ª – Dep. de Filosofia e Ciências Sociais – DFCS – CCSE – UEPA