O livro “Entre fissuras e tecituras” emergiu do encontro com mulheres pretas. As vidas, as histórias, as situações, as cenas, as falas dessas mulheres foram tecidas com os mais variados panos e os mais delicados fios formando, com isso, uma imensa colcha de vivências. Não desmereço a força de todas as mulheres, mas mulheres negras tecem seu dia a dia marcado por acontecimentos muitas vezes dolorosos. Tecem suas vidas não por desejo ou prazer, mas por necessidade porque não lhe é permitido chorar em demasia. Mulheres negras precisam manter-se vivas e, para isso, precisam tecer suas dores com destreza e coragem. Nesse livro todas as mulheres são chamadas de Pretas. Elas não possuem as mesmas histórias, elas não são as mesmas pessoas. No entanto, em respeito e a fim de honrar as Pretas que compuseram esse livro optei por não fantasiar seus nomes. Não aqui. Não nesses contos. As Pretas dessa obra guardam um pouco de mim, de você, de nós, de nossas famílias, da nossa ancestralidade. Essa obra, criada durante uma pandemia, revela um universo denso e particular que só uma mulher negra é capaz de explicar. E esse livro é uma forma de você, leitora/leitor, delas se aproximar.