Esta é a história do mulato belíssimo, de olhos verdes-azulados, pintor das ruas escuras, dos casarões semiabandonados, das prostitutas da Lapa - um ser tão naïf quanto suas elogiadas pinturas. Acompanhamos suas tantas vidas desde que seus pais se conheceram nos campos do Cachambi, nos começos do século XX, até ele se tornar famoso, estabelecido, morador em Copacabana. Assistimos as suas tantas vidas, mas principal- mente a sua velhice, seu declínio, sua morte que põem em relevo as vidas de seu pai branco e de sua mãe negra, as vidas de suas três esposas, de seus amigos, de seus parentes. Mas, ao acompanharmos sua trajetória, também nos damos conta das marcas indeléveis e das grandes misérias do Brasil, do Rio de Janeiro, do mercado das artes, da política, do amor, da solidão, do racismo. Esse caldo grosso e variado, esta narrativa repleta de personagens sem nomes, mas com rostos e traços definidos, tem por fio condutor esse ser macambúzio e ilhado: o pintor mulato, indeciso entre ser artista ou artesão, marcado pela necessidade de amor, pela imensa dor existencial e pela incontornável solidão de nascer, viver e morrer sob os Trópicos.