A civilidade posta à prova, cuidados para uma mulher à beira da morte, uma menina que, mesmo machucada, ainda deseja, os joelhos ralados pela desobediência devida, amantes envergonhadas, amantes inesperadas, uma mãe de ressaca, uma mulher parindo, uma fístula no rabo não dado, cadelas no frio, enrodilhadas, menopausas, umidades, as angústias de uma jovem, frustrações e liberdades, uma excêntrica consumidora de prazeres, Cassandras, Medeias, Iansãs, Atenas, Dianas, Afrodites, Mariazinhas, eu, você, as outras. Nos olhos de uma boneca, logo entendemos a explosão da vontade; a esposa mortificada joga amarelinha nos limites da liberdade, ninguém responde sobre sua redenção. Claro que há beleza na guerra. Mas bonita, bonita mesmo, por contrafluxo, era se não fosse. Em A Língua da Medusa, Gabriela Leal escreve como quem observa detalhadamente a travessia de diversas mulheres. De onde partem? Para onde vão? Aqui, sabemos de seus estares, caminhos e descaminhos. Um passo de cada vez, vacilante ou firme, o importante é se mover. O importante é se mover? Se estão estáticas, surge a pergunta: o que busco? Nestas encruzilhadas, o que importa é escolher o rumo e o prumo. Enxergar essas mulheres, enxergar suas entranhas, seus poros, seus cabelos, sua aura, seus desejos mais ternos e obscuros. O que nos dizem, afinal? Em que língua falam? - Texto da orelha por Natalia Borges Polesso.