Ao considerarmos a mitologia grega em suas diversas manifestações, percebemos a sua importância na formação do homem grego nos planos social e cultural e, ao mesmo tempo, o surgimento da individualidade, assinalando a alma do homem na sua singularidade. Desse modo, o mito expressa as profundas questões humanas próprias do tempo em que foi criado, mas essas questões transcendem o limite temporal e histórico, manifestando-se nos homens de outras épocas. Assim, os mitos são expressão do humano, daquilo que é inerente à humanidade e transcende as especificidades de cada tempo. É fato que a importância dos mitos, como destacamos acima, estende-se para todas as mitologias de todos os povos, desde as épocas mais remotas até os nossos dias, contudo nos centramos nos mitos helênicos pelo que eles têm de mais peculiar, que gerou inclusive a tragédia, expressando os conflitos mais pungentes e profundos da alma humana, representados na trajetória do herói trágico. Freud destacou a importância do estudo da mitologia na formação psicanalítica, sendo notório quanto os mitos constituiram-se em fonte de fascínio, inspiração e reflexão para o criador da psicanálise, que os utilizou como modelos na busca por compreender os processos inconscientes. A partir daí, o uso dos mitos como modelos para entender o funcionamento da mente tornou-se parte do desenvolvimento da psicanálise.