Há entre os estudiosos do pensamento de Freud duas posições relativas ao movimento de sua teoria. Haveria um Freud mecanicista, o do Projeto de uma psicologia para neurólogos, e outro hermeneuta, aquele de A interpretação dos sonhos? Há uma ruptura radical em seu pensamento ou seu movimento é retilíneo e contínuo? As duas abordagens são duvidosas. Segundo o presente estudo, Freud nunca abandonou nenhuma de suas ideias, ele as conservou/superou numa progressiva redefinição, retificação ou explicitação dos conceitos. O movimento do pensamento freudiano é pendular e espiralado. A noção de ego, por exemplo, cede lugar ao inconsciente e é retomada posteriormente, mas em outro patamar. Luiz Roberto Monzani possui graduação e doutorado em Filosofia pela USP e livre-docência pela Unicamp. Pesquisa na área de filosofia, com ênfase em história da filosofia moderna e epistemologia da psicanálise.