Poesia, segundo definição que considero bastante lúcida, “são curtos-circuitos de sentido”; contudo, uma contracapa jamais esgotará “poesia” e “sentido” (dois mil e tantos anos de pensamento não chegaram a qualquer conclusão). Ao lermos poesia, de pronto caçamos (perdoem-me a palavra forte) rimas, sentidos ocultos, grandes questões metafísicas; em Há Poesia em Minha Vida, tudo isto se faz presente. Ora, como? A poética da autora parece consistir em expor o quotidiano, causando em quem a lê um profundo sentimento de identificação, elevar o quotidiano ao limite em que ele não é mais quotidiano, mas poesia, “curto-circuito”. No entanto, tal gesto é quase imperceptível, restando em nós a impressão de que, ao lermos seus poemas, estamos apenas lendo seus poemas, mas – quase secretamente, com um sorriso até mesmo maroto – a artista semeia a poesia que há em sua vida, oxalá os curtos-circuitos encontrem-nos, toquem-nos... Despertem-nos para a poesia que também há em nossas vidas.