A presente obra analisa histórias de mulheres que viveram em Manaus no período entre 1932 e 1962, obtidas a partir de processos judiciais ligados, sobretudo, a crimes passionais e de defloramento/sedução. Tais histórias revelaram como amor, honra e violência se entrelaçavam no cotidiano feminino. A honra aparece com duplo status de sentimento e fato social, ditando o valor de uma pessoa. Para o homem, estava assentada em sua relação com o trabalho; para a mulher, em sua pureza sexual. Das solteiras, exigia-se a virgindade; das casadas, a extrema fidelidade ao marido. Mas não apenas isso: uma mulher honrada deveria reportar-se ao espaço privado, estar sob a vigilância da família e cultivar a submissão e a docilidade. Ao enquadrar-se nesses padrões, ela recebia o título de honesta, merecendo toda proteção por parte da sociedade. O contrário da mulher honesta era a mulher pública ou prostituta, comumente marginalizada, indigna de respeito e consideração. Para as transgressoras (infiéis, prostitutas, teimosas, ousadas, trabalhadoras), empregavam-se punições que passavam por escárnio, assédio e até agressões físicas.