Com certeza, não se pode dizer que a qualidade de uma obra se reduz apenas ao conceito do belo. Aliás, esta, por si só, já é uma apreciação subjetiva, como subjetiva também é qualquer tentativa de determinar, de equacionar o belo. Pode-se dizer que o estilo de escrever de um escritor (a densidade de seus escritos), a originalidade do seu trabalho e a proposta a ser apresentada ao seu público são alguns componentes importantes na qualidade da sua literatura, por exemplo. Que ela seja aceita ou não, enquanto tal, já é um problema que não depende do criador. Qualquer que seja o resultado (a aceitação ou recusa), ele não invalida a proposta de trabalho. Sua importância, aliás, consiste precisamente no caráter inovador que apresenta a um certo público. É preciso, porém, estar atento para não torná-lo inteiramente isolado. Caso contrário, perderia sua função. O que diferencia o artista das demais pessoas é exatamente a capacidade e o talento com que expressa seus sentimentos, suas intuições e, sobretudo, o expressar com precisão e argúcia – através da literatura, das artes plásticas, da música, etc. – as transformações pelas quais passa a sociedade de sua época.