Os que andam com os mortos, de Zemaria Pinto, é um desafio aos limites do conto enquanto gênero literário, na medida em que invade os territórios de outros géneros, estabelecendo uma conexão entre o contemporâneo e a tradição, e valendo-se de recursos como a intertextualidade e a metalinguagem, aliados a uma serena maturidade e uma criatividade no seu momento mais alto. Depois de explorar a poesia, a dramaturgia, a ficção infantojuvenil e o ensaio literário, o autor de mais de duas dezenas de títulos volta-se para o conto, conciliando um humor caustico e uma reflexão profunda. buscando o "desconforto" do leitor-cúmplice em temas como assassinatos e suicídios, a loucura em graus diversos, delírios, pesadelos, metamorfoses; o banal cotidiano pintado em cores fortes e imagens distorcidas, expressionistas.