• Humana, demasiado humana

Vida. Esta é a palavra fundamental para Lou Andreas-Salomé, a exuberante figura feminina que significou vida, no sentido mais apaixonante do termo - o de usufruir com vontade e ardor a existência - para alguns personagens não menos exuberantes, a seu modo, da História, como os filósofos Paul Rée e Friedrich Nietzsche e o poeta Rainer Maria-Rilke. E tantos outros homens que Lou encantou e foi por eles encantada, embora a raros tenha se entregado de fato. Para essa brilhante pensadora, nascida em uma abastada família russa como Ljolia von Salomé, na São Petersburgo de 1861, amor era sinônimo de libertação. É a história dessa mulher que conquistou corações e mentes com sua beleza avassaladora e seu intelecto sempre disposto a dialogar, em pé de igualdade, com qualquer homem de seu tempo, que a professora e pesquisadora pernambucana Luzilá Gonçalves Ferreira apresenta ao leitor em Humana, demasiado humana, título que remete, apropriadamente, a uma obra fundamental de Nietzsche, cujo centenário de morte é lembrado este ano. Nietzsche, o homem que ousou apaixonar-se pela indomável Lou e que, depois de um fértil período de amizade, de onde resultaram livros capitais de ambos, teve seu amor recusado. Através das cartas pinçadas por Luzilá da vasta correspondência trocada entre o autor e o objeto de sua paixão, o leitor vai acompanhando o progressivo processo de enlouquecimento de um homem que, roído de dor e ciúme, acompanha os desvarios da irmã Elisabeth, mentora de uma campanha de difamação pública contra Lou ao ver o irmão mergulhado num caminho sem volta. 'Humana, demasiado humana', revela a história de uma mulher que sempre viveu à frente de seu tempo. Que propôs a Rée e Nietzsche, logo no início da sólida amizade, que vivessem juntos sob o mesmo teto como uma 'Santíssima Trindade'. Que também fugiu da devoção apaixonada de Rée, que poucos anos mais tarde daria fim à própria vida, ainda atormentado pela ausência física de Lou, já que as cartas nunca cessaram. Uma mulher que casou-se com um homem 15 anos mais velho, Carl Andreas, seu companheiro durante mais de quatro décadas, provavelmente porque ele aceitara não cobrar seus 'direitos de marido' e que sempre fechou os olhos aos numerosos admiradores que Lou foi colecionando pelo caminho. A única paixão integral de Lou despontou em 1897, quando ela, já aos 36 anos, casada com Carl, conhece o jovem poeta de 22 anos René-Marie Rilke. De novo é uma relação que se revelaria fecunda para ambos os lados- Rilke cresce notavelmente como poeta e Lou escreve 'A humanidade da mulher' e 'Reflexões sobre o problema do amor' (1899 e 1900), sob o impacto da intensa experiência amorosa que vivia então. Até a morte de Rilke (rebatizado mais tarde pela própria Lou para Rainer Maria), em 1928, e muitos anos depois, até a sua própria morte, em fevereiro de 1937, aos 73 anos, Lou faria do poeta a principal razão de sua existência e afeto. 'Humana, demasiado humana' mostra, acima de tudo, a natureza profundamente criadora da autora de vários romances, ensaios, poesias e peças de teatro, que estabelecia em seus textos, numa época em que pouco era permitido às mulheres, o estreito vínculo entre o erotismo e a criação. 'Para ela, nenhum outro estado é mais próximo do erotismo que o estado criador, em razão do apelo à imaginação, forte nos dois casos', descreve Luzilá. É 'o êxtase estético deslizando para o êxtase erótico', como energias distintas e, no entanto, tão próximas, despertando no homem momentos únicos de criação e vida. Vida, a palavra tão cara a Lou.

Código: 72390
EAN: 9788532511515
Peso (kg): 0,402
Altura (cm): 23,00
Largura (cm): 16,00
Espessura (cm): 1,40
Especificação
Autor Luzila Goncalves Ferreira
Editora ROCCO
Ano Edição 2000
Número Edição 1

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Humana, demasiado humana

  • Disponibilidade: Esgotado
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