Um dos mais consagrados e influentes jornalistas do Brasil, Merval Pereira acumula importantes prêmios por sua trajetória na imprensa, como Esso, Abril e o Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, este último, por sua destacada cobertura de América Latina e Caribe. Em sua coluna em O Globo, apresenta uma análise diária, incansável e consistente dos fatos da política interna e externa do país. Neste O LULISMO NO PODER, Merval reúne uma esclarecedora seleção de artigos publicados no jornal nos últimos anos, que traçam um panorama do governo Lula desde sua primeira campanha presidencial vitoriosa em 2002 até os primeiros meses deste ano. Às vésperas das eleições gerais do Brasil em 2010, a ampla análise desenvolvida por Merval aprofunda o debate sobre o papel do Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula da Silva e do “lulismo” no cenário político brasileiro contemporâneo. As crônicas políticas mostram um retrato crítico e multifacetado do presidente que por dois mandatos representou o país, alcançando uma popularidade inédita. Para o historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva, que assina a introdução do livro, “Merval aponta com clareza a fragilidade dos partidos, a anemia da opinião pública e a superatuação das lideranças carismáticas no país”. Essa forma de liderança é, para Merval, a grande característica do lulismo, força política baseada nos programas assistencialistas, na classe média ascendente e no carisma de Lula, que em seu segundo governo foi se afastando gradualmente do partido que fundou e ganhando dimensões de líder populista — um dos maiores que o Brasil já teve. Ao longo dos artigos, Merval descreve como Lula se inseriu no contexto político internacional, situando-se como uma espécie de mediador entre outros líderes esquerdistas mais autoritários que foram surgindo na América Latina e os “louros de olhos azuis” do Primeiro Mundo; entre as classes mais ricas e os despossuídos. E aponta os erros políticos que afetaram o prestígio internacional do presidente Lula — considerado uma das personalidades mais influentes da década e o líder mais destacado do mundo pela imprensa estrangeira, como Le Monde (França), El País (Espanha) e Financial Times (EUA) — e o levaram a receber severas críticas no início deste ano. Dividido por temas, o livro aborda pontos como o Bolsa Família e política externa, e trata da relação histórica entre PT e PSDB, partidos que polarizaram a política nacional nos últimos 20 anos, de tendência social-democrata, e seus pontos de atrito. Seus atores prediletos são os partidos políticos, os próprios políticos e a opinião pública. Os personagens principais da primeira metade do governo Lula estão retratados em dois capítulos: José Dirceu e o mensalão, e Palocci e o caseiro. Batizado em homenagem ao clássico Os militares no poder, do mestre do jornalismo político Carlos Castello Branco, O LULISMO NO PODER não tem a pretensão de ser um trabalho de historiador, mas sim um registro da história em tempo real, que, nas palavras do próprio autor, “muitas vezes peca pelo registro apressado dos acontecimentos ou pelas previsões que não se concretizam”. Por isso mesmo, para evidenciar ao leitor o caráter fugaz da crônica política diária, Merval optou por deixar no livro colunas que anteciparam situações que não se concretizaram ou análises que não se confirmaram. Mas que corresponderam a situações reais que, naquele momento, eram a verdade factual em permanente mutação. E acompanha o desenrolar de um governo que, por todos os títulos, fez história.