Políticas da Cena Contemporânea: comunidades e contextos reúne diferentes vozes para indagar sobre dimensões políticas que as artes da cena parecem assumir nos dias de hoje. Tais dimensões são também geopolíticas e afirmam pontos de vista do sul global. Apontam, mesmo ao tratar de indivíduos, os vieses sociais, coletivos e regionais dos sujeitos.
Dizem respeito a modos como o teatro, a dança e a performance respondem às desigualdades impostas às
pessoas e grupos racializados, subalternizados ou minorizados. Horizontes epistêmicos dos povos originários, do feminismo anticapitalista, das pessoas trans, queer, gays e lésbicas também constituem as dimensões que perpassam tanto os capítulos, quanto a organização do livro.
Afinal, a coletânea trata de marcas e traços das comunidades e dos contextos como forças efetivas do mundo que, em cena, dramatizam e performam alianças ou confrontações, em linhas, formas e linguagens as mais distintas.
O livro se insere no debate decolonial que atinge a arte, o teatro, a dança e a literatura na atualidade. Coloca em foco o perspectivismo ameríndio, os feminismos, as lutas antirracirracistas e a perspectiva queer e transgênero.
Destaca as formas de contestação dos sistemas de consagração em prol da emergência de novos sujeitos. Contribui com as tentativas de ultrapassagem dos referenciais eurocentrados, ainda que não apresente necessariamente tal movimento como pura negação dialética ou como superação histórica cerrada. A ultrapassagem também é delineada como tradução transcultural aberta e contínua.
A natureza da discussão proposta no livro é rizomática, capilar, horizontal e tentacular. Diz respeito a redes de agentes fortemente marcados por processos coletivos de enunciação. move inúmeros criadores teatrais.
SUMÁRIO
Apresentação
DESCOLONIZAÇÃO E PERFORMAGIA
Capítulo 1. Descolonização e dissenso no teatro brasileiro, Pedro de Niemeyer Cesarino
Capítulo 2. O teatro como contracolonização Tupy-Guarany Nhandewa, Juão Nyn
Capítulo 3. Antes do tempo existir, Andreia Duarte de Figueiredo
Capítulo 4. O recado do xamã: de Makunaima a Macunaíma e vice-versa, André Gardel
TEATROS PRETOS E CENA KUIR
Capítulo 5. Os caminhos de atuação no teatro preto de candomblé, Onisajé
Capítulo 6. Bando Olodum — A improvisação como estratégia para uma linguagem singular, Evani Tavares Lima
Capítulo 7. Um teatro negro, bixa e macumbeiro, Leandro Colling e Deivide Souza de Jesus
Capítulo 8. Kuirformance em O Evangelho segundo Vera Cruz do Grupo Teatro de Fronteira, Rodrigo Carvalho Marques Dourado
AÇÕES FEMINISTAS
Capítulo 9. Performatividades de la búsqueda: la imaginación rexistente desde las mujeres que buscan a sus familiares desaparecidos, Ileana Diéguez
Capítulo 10. “Ativismo de Janela”: a cena feminista na pandemia, Stela Fischer
Capítulo 11. Virginia de Medeiros — Política do afeto e economia do cuidado, Ana Bernstein
TEATROS DO SUL
Capítulo 12. Resiliência e subversão na dramaturgia chilena escrita por mulheres: Isidora Aguirre (1919-2011) e Isidora Stevenson (1981-), Sara Rojo
Capítulo 13. Actores testigos contra memórias insuficientes: poéticas do testemunho no grupo cultural Yuyachkani (Peru), Ana Júlia Marko
Capítulo 14. A cena colombiana e o novo teatro brasileiro, Rosyane Trotta
CENAS DE CONTEXTO
Capítulo 15. Um País país em Marcha a Ré, Antonio Araújo
Capítulo 16. Teatro pós-desmanche, José Fernando Peixoto de Azevedo
Capítulo 17. Uma conversa a partir do espetáculo “Hoje não saio daqui”: sobre representação, representatividade, pesquisa e devoluções, Conrado Dess, Isabel Penoni e Jaqueline Andrade
Capítulo 18. Cenas de contexto, Sílvia Fernandes
CENAS FRATURADAS
Capítulo 19. Dança para ouvir: coreografias de Marcelo Evelin na Demolition Incorporada, Maria Helena Werneck
Capítulo 20. Feminismo e alargamento de possíveis na prática teatral do in-Próprio Coletivo, Vicente Pereira Jr.
Capítulo 21. Performar teoria, estranhar identidades, Júlia Guimarães
Capítulo 22. Comunidade como inquietação: a cena fraturada, José Da Costa