Mesmo para o leitor avisado, a obra de Guimarães Rosa é sempre uma estrada cheia de surpresas. A cada volta desta escritura, aguarda-o um horizonte insuspeitado, e a sua interpretação se converte numa série de "paragens mágicas". É o que se verifica também em Tutameia e Terceiras Histórias, como evidencia a leitura feita por Irene Gilberto Simões e que se traduz no título deste livro: Guimarães Rosa: As Paragens Mágicas. A partir dos Prefácios às narrativas curtas, a entrada crítica vai desvelando os diferentes aspectos dos relatos, desde os referentes à poética da estória (origem e criação desta) até a motivação lúdica dos provérbios e adivinhas. Trata-se de surpreender a relação entre palavra oral e escrita, na força de suas tensões, e a magia da sua concretização escrita, um objetivo constante do autor, para quem o feitiço da palavra também é o da vida. E justamente por ter sido capaz de tecer uma rede apropriada de captações, a analista nos oferece importantes elementos composicionais para a compreensão de outras criações do grande escritor. Daí por que se pode dizer, com Antonio Candido, que "em assunto tão explorado, Irene Gilberto Simões soube não apenas colocar-se em posições pessoais, mas atingir conclusões que renovam o conhecimento a respeito de Guimarães Rosa.