Os dez ensaios que compõem essa obra ilustram diferentes processos de opacificação e apagamento que constituem o que podemos chamar de uma Poética da ausência. Através da recuperação de traços, marcas e vestígios do que sobrou dos sucessivos processos de apagamento de lendas, obras literárias e científicas e do imaginário de diferentes épocas - cujo impacto não seria conveniente aos detentores do poder da época - essa obra contribui para sua representificação, ou seja, para lembrar, transmitir e dar visibilidade ao que ficou esquecido, muitas vezes por anos e até séculos.
Inventário de ausências reúne ocorrências, nas literaturas das Américas, de fatos que foram invisibilizados, ou seja, apagados da memória social em determinados momentos históricos, como as diferentes formas de preconceito em relação a mulheres, negros, indígenas, imigrantes, estrangeiros, judeus, subalternos, membros de comunidades em situação de vulnerabilidade, entre outros. O preconceito produz apagamentos e ausências, tornando essas comunidades invisíveis. Desse modo, elas deixam de ser temas de romances, filmes e narrativas, sendo que, em notícias de jornal, só encontram espaço em crônicas policiais ou necrológios. Romper o pacto de silêncio imposto por preconceitos e por regimes de exceção, corresponde à (re)presentificação dessas ausências.