A presente obra analisa as práticas de enfrentamento das gangues haitianas por parte dos contingentes brasileiros na MINUSTAH. Para tal, foi verificado o problema das gangues na sociedade haitiana com base no conceito de anomia, discutido perspectivas teóricas acerca das operações de paz da ONU, debatido conceitualmente a estratégia segundo as visões de mundo estruturada e da habitação, apresentada a Grande Estratégia brasileira em conjunto com a doutrina de emprego do Exército brasileiro para pacificação e descrita a experiência operacional brasileira. Por meio da análise dos relatórios finais de emprego dos contingentes brasileiros, a pesquisa se norteou pelo modus operandi das tropas brasileiras no tocante ao enfrentamento das gangues. O caráter inovador da atuação brasileira consistiu no emprego de tropas militares concomitantemente em atividades de enfrentamento das forças adversas e em trabalhos de suporte humanitário sem que houvesse desvio da função militar original. Pela primeira vez no meio acadêmico civil, um estudo pôde contar com o acesso a importantes relatórios de emprego do Exército Brasileiro que reportam atividades operacionais de tropas que ainda se encontravam mobilizadas. A descrição da experiência operacional das tropas brasileiras, das estratégias de emprego e da posição muitas vezes crítica quanto à missão por parte dos militares brasileiros são algumas das principais contribuições desta obra. A forma de emprego brasileiro objetivou a conquista do chamado “terreno humano” (“conquista de corações e mentes”). O uso da força brasileira no Haiti, por meio inclusive de operações psicológicas, incorporou elementos mais sutis do campo motivacional com vistas a promover mudanças de atitude da população haitiana com relação às gangues de maneira sem precedentes no âmbito das operações de paz da ONU.