Após a leitura minuciosa do livro: a reconstrução de uma ética pedagógica libertadora à luz de Paulo Freire, de autoria do professor e pesquisador Valdir Borges, editado pela editora CRV em 2013, afirmo que Paulo Freire é uma voz que nunca se cala. Nesta obra, esta voz não somente se faz presente, mas também se reinventa. É uma leitura essencial e obrigatória para os dias hodiernos, tão carentes de uma ética da vida, capaz de libertar, integralmente, qualquer ser humano, em qualquer parte da terra e em qualquer época, que seja negado na sua essência, oprimido ou excluído pelo sistema. A obra continua atual e vigente, pois revela a face dos novos esfarrapados e condenados da terra do século XXI, neste início do terceiro milênio. São eles os refugiados da terra, fruto da vexatória e atual crise migratória mundial, que disseminou e impulsionou o discurso de ódio e a aversão, especialmente, aos pobres, que buscam melhores condições de vida, afugentados pela fome, desemprego, guerras, desastres naturais e pela perseguição política. São considerados a escória e a vergonha da humanidade que se fechou à solidariedade e à ética universal, além de serem denominados como estranhos à nossa porta. Destarte, a obra é um contínuo convite ao resgate da dignidade e da humanidade roubada de tantos dos nossos coetâneos. O grande mestre e patrono da educação brasileira, Paulo Freire, segue vivo, pois a conscientização, a práxis histórica de libertação e a autonomia, advindas dele são fundamentais à transformação social, em que cada pessoa aprende a ser sujeito de sua própria história, abrindo-se ao inédito viável e à concretização do sonho de outro mundo possível. Para Borges esta é a função do princípio ético-crítico freireano tecido no conjunto da obra em voga. Muito oportuno o lançamento da segunda edição desta obra que foi um sucesso de vendas e buscas na rede social de comunicação, justamente no ano de 2021, em que celebramos o centenário do nascimento de Paulo Freire, reconhecendo o seu legado global para a educação, que o converteu em um educador do mundo. Pelo diálogo problematizador, permeado na referida obra, fomentamos a cultura do encontro, construtora de pontes, que nos conduz à materialização da amorosidade e do afeto freireano, que é o compromisso com o outro, pois gera vida e nos capacita à escuta ao grito dos oprimidos e aos gritos da terra e do cosmos. César Augusto Rossato Ph.D – Professor da Universidade do Texas e Cônsul Honorário Brasileiro. El Paso, Texas, Estados Unidos da América, 25 de janeiro de 2021.