O livro de Marcus Reis trata da feitiçaria na infância do Brasil, o século XVI. Retoma tema clássico na História das Mentalidades, que floresceu na França, nos anos 1970, e se irradiou pela Europa e pelos EUA nas duas décadas seguintes. No Brasil, o livro inaugural foi o de Laura de Mello e Souza, O Diabo e a Terra de Santa Cruz (1986). O autor faz boa conexão entre as práticas mágicas e a condição feminina, baseado na documentação da Visitação Inquisitorial enviada ao Nordeste brasileiro no fim do XVI. Atento à bibliografia internacional, levantou questões relevantes sobre a misoginia na cultura letrada europeia, sua incidência na Demonologia e sobre os ritmos de perseguição na Europa da época. Por outro lado, soube avaliar a especificidade do fenômeno em terras coloniais, examinando as redes de sociabilidade entre as mulheres daquele tempo. Tempo de poucos colonos brancos, o que vale ainda mais para as mulheres. Mulheres que, por diversas razões, apelavam para o sobrenatural para viver bem com os homens, conquistá-los, fazê-los voltar quando partiam por longo tempo em busca de riquezas. Apelavam para a magia, para não serem maltratadas pelos maridos, sinal de que eram corriqueiros os maus tratos que sofriam. Algumas delas detinham saberes especiais neste campo e, por isso, eram procuradas para fazer feitiços, em geral defensivos. O autor examina tais casos, como o de Felícia Tourinho e o da então famosa Maria Gonçalves, d’alcunha “Arde-lhe-o-rabo”. Feiticeiras que caíram na teia da Inquisição por acusações de antigas clientes. O livro nos mostra, assim, que as redes femininas foram culturalmente importantes, embora a solidariedade entre as mulheres fosse frágil. Rompiam-se num piscar de olhos diante do Santo Ofício.
Código: |
28886 |
EAN: |
9788544428894 |
Peso (kg): |
0,420 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
1,40 |
Especificação |
Autor |
Marcus Vinicius Reis |
Editora |
EDITORA CRV |
Número Edição |
1 |