A educação é uma prática cultural que bem pode ser representada pela fresta, feita de entrecruzamentos: pessoas, grupos, instituições, seus objetivos, suas experiências, suas formas de ver e valorar o mundo, a vida, a sociedade. Culturas, diferenças, identidades, histórias, conflitos e acordos, modos de ser e de se transformar, tudo é, em princípio, marcado pelas práticas educacionais que, nesse sentido, são, simultaneamente, meio e fim dos jogos político-culturais, pois não é possível humanizar-se sem se submeter, ao menos inicialmente, às alternativas dispostas por cada grupo; mas, tampouco, é possível tornar-se humano sem transformar tais alternativas, sem pô-las em questão para pensar outras que se afinem com valores mais democráticos e justos, menos desiguais. O campo dos Estudos Culturais, sobretudo no âmbito da educação, propõe-se a levantar debates e sustentar, epistemológica e metodologicamente, temáticas que, embora não sejam recentes, ainda estão longe de ser exauridas, pela necessidade de que múltiplos e diferentes olhares se entrecruzem para sua compreensão e, ainda, por sua condição de incompletude. Mas, também, pelo caráter dinâmico das relações culturais: tensões, conflitos, arranjos que sustentam as práticas educacionais, dentro e fora da escola, do mesmo modo decorrem das impermanências próprias aos movimentos de disputa pelo poder, em todas as suas formas. Assim, os problemas abordados pela pesquisa nos Estudos Culturais na Educação são inevitavelmente abertos – ou, senão, precisam sê-lo, produzindo, como fresta de luz pela janela do cotidiano, sob a força de uma crítica solar, efeitos de mudança em relações educacionais que tendem a tratar as diferenças como inferioridades naturais, como evidenciam os estudos das autoras e dos autores neste livro.