Este é um livro desconcertante, pois os escritos não possuem uma ordenação, uma disposição como se espera sempre de um livro comum, motivo pelo qual a ideia é mexer com o leitor, já que nem a complexidade nem a contextualização dos saberes e conhecimentos se aprisionam em uma determinada ordem, para que não fiquem reféns de um pensar por uma única perspectiva. O desafio é colocado ao leitor em definir como e quando poderá ler cada fragmento que compõe o material, se sentado, se numa rede, na cama, em pé, de cabeça para baixo, rodando o livro, ou seja, da forma mais desconcertante que possa utilizá-lo, mesmo que, ao perceber a sua inquietação, as pessoas que estejam ao seu lado suspeitem da sua sanidade mental, ou, até mesmo, que esses também compreendam a proposta. A intenção é que, de alguma forma, a leitura provoque um movimento, se não for com as ideias, que seja, ao menos, com o movimentar das mãos, dos olhos e do próprio livro. A intenção é que a produção escrita contribua para o avanço do pensar e do fazer educação contextualizada decolonial, para que busquemos ver pela multiplicidade de lentes, ou mesmo por lentes multifocais, com o intento de conseguirmos enxergar a multidimensionalidade na realidade e a sua complexidade, fugindo de um olhar viciado, que não consegue ir além do que já nos acostumamos a ver.