Muitos críticos reputam Rubem Braga como aquele que elevou a crônica à categoria de gênero literário. Sobrepondo-se à celeridade fugaz da notícia jornalística, com as quais sua crônica conviveu, lado a lado, sua obra constitui a fixação de detalhes do cotidiano e de episódios com pessoas comuns, submetidos ora ao tratamento lírico que beira a poesia, ora ao narrativo, que toca ao conto. Memória da Infância, em Casa dos Braga, são portanto lembranças de sua Cachoeiro do Itapemirim, e outras, vertidas para a mais límpida literatura. “... a primeira coisa a respeito de uma casa é que ela deve ter um porão. Um bom porão com entrada pela frente e pelos fundos. Esse porão deve ser habitável porém inabitado; e ter alguns quartos sem iluminação alguma, onde se deve amontoar móveis antigos, quebrados, objetos desprezados e baús esquecidos. Deve ser o cemitério das coisas”... Dissimuladamente, com aparente despretensão, este trecho, lançado em meio a uma Receita de casa, é toda a magia que essas crônicas nos oferecem. Porque a Memória de Rubem Braga é o que faz brotar habitantes naquele porão, a usar suas entradas. É o que ilumina os quartos e lhes aponta as minúcias com tantas histórias para contar. É o que acaricia a antiguidade dos móveis quebrados, reconhecendo-se neles. O que revela os segredos dos baús, tornando-os inesquecíveis. E, extrema magia da palavra, o que convida a renascer para a vida mesmo as coisas sepultadas.
Código: |
7865 |
EAN: |
9788501048165 |
Peso (kg): |
0,180 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
12,00 |
Espessura (cm): |
0,90 |
Especificação |
Autor |
Rubem Braga |
Editora |
RECORD |
Ano Edição |
1997 |
Número Edição |
9 |