A princípio, admito, enxergava a fronteira como algo abstrato em demasia, viciado que estava nas leituras cujos cenários estavam naquelas centralidades geográficas e políticas. Trazer a complexidade da condição humana para ambientes fora desses eixos, com o passar dos anos, me apaixonou sobremaneira. Encontrar em Elpídio Petra um romance que trata de assuntos tão humanos como migração internacional, violência, conflitos nas estruturas familiares, sexualidade, dilemas da adolescência, usos e abusos de drogas legais e ilegais, foi de uma felicidade sem tamanho.  Reafirmo que o encontro de temas tão complexos, situando-lhes na região de fronteira, é de uma grandeza que me escapam palavras. Há uma carga de eletricidade que impacta da primeira à última página. Esse romance exige do leitor alguns preparos. Mas, o que há de melhor nele é que isso pode ser adquirido a avanço na leitura. Marco Aurélio Cunha é professor do Departamento de História e Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.