Em continuidade ao livro A Estrada da Infância I, este, volume II, apresenta um novo ambiente na vida do personagem central da história. A maneira de pensar e agir no pretérito, em que pesasse o passar dos anos, continuavam as mesmas. Verdades cristalizadas não podiam ser questionadas, muito menos subvertidas, causando atraso nas trajetórias individuais e coletivas. A descoberta de uma nova escola, de freiras, completamente diferente e melhor do que a anterior, causava enorme satisfação e contribuía para levantar a frágil autoestima do garoto curioso, à cata constante de novidades que lhe proporcionassem alegria; por mais efêmera que fosse, valia a pena. Os três anos passados na instituição religiosa de ensino serviram de aprendizado além do imaginado; a rígida disciplina da irmandade católica dentro do colégio convivia com burlas eventuais, afinal, segurar a gurizada não era tarefa fácil. O futebol de salão, primordialmente, precipitou uma relação de admiração e respeito com a Irmã Dina, pequena freira na estatura corporal e grande na estatura moral. Com cenho franzido aparente, guardava por trás uma bondade e vivacidade notadas no decorrer do convívio. No lar, verificava-se uma involução, andava-se a passos rápidos para trás, as pessoas não falavam espanhol nem português; como se diz em São Paulo, fala-se grego, quando não há entendimento, uma língua impossível de compreender, só os nascidos lá conseguem se comunicar. A escola representava horas de bem-estar longe dos problemas familiares. O campinho em frente de casa também dava chance de fugir das incompreensões e discussões banais de casa. Dois ambientes sadios e um tenso. Ainda bem que havia alternativas de escolha.