Adalberto meditava, combatendo dentro de si os sentimentos desencorajadores disfarçados de verdades absolutas. E o que é o amor, se não a essência do que nos domina, é o que nos inspira a viver, é o que entusiasma nosso coração , é o voo da alma, a maior de todas as libertações, pois nos tira da solidão que nos angustia desde o dia em que nascemos. E no final, o que mais nos importa, além disso? Adalberto ansiava pelo triunfo da felicidade, aspirava pelo incomensurável júbilo de poder tê-la em seus braços. Ele não podia deixar de pensar que tudo aquilo que não havia dado certo no passado --- os destroços do tempo --- não mais o incomodariam, se Viviane aceitasse o seu amor. Ela era a condensação de todas as coisas boas que a vida poderia lhe oferecer. Adalberto tinha certeza de que, com o passar do tempo, seu coração não se comportaria mais com tamanha reverência, uma vez que estaria acostumado a presença dela. Contudo, no momento presente, --- visto que mal a conhecia e que por isso o mistério que Viviane encerrava o levava a alcançar altos voos em sua emotividade --- parecia lhe impossível ficar indiferente aquelas deliciosas sensações de encantamento que eventualmente o atingiam e que apreciava tanto.