FILOSOFIA EM COMUM existe para estabelecer diálogos. Em tempos sombrios, permeados pela desilusão com idéias e projetos, inclusive o humano, a filosofia aparece como uma certa fé repaginada. Um caminho para os prazeres possíveis da vida. Uma solução para a crise política e econômica. Mas de maneira lúdica. “O texto não apresenta nenhuma pretensão de um saber acabado, não pretende — nem poderia — estar concluso”, conta autora, que vê o livro como um instrumento de encontro. Para que se possa pensar uns juntos dos outros. Em linguagem simples e clara, Marcia Tiburi constrói um livro-dispositivo, através do qual nos leva a buscar a filosofia não como história de idéias prontas. Mas, principalmente, como método, como modo de pensar. A filosofia é vista, aqui, como o oposto de um pensamento compartilhado em que consenso e acordo são os objetivos. Ela deve ser esclarecimento sobre a verdade que buscamos pela reflexão ao lado uns dos outros e que pode nos levar a decisões, ações, mudanças, um olhar mais cuidadoso sobre o que existe. FILOSOFIA EM COMUM trata das perspectivas, do modo como cada olhar forma para si uma visão própria do mundo, com seus contornos simbólicos e sua carga emotiva. Fundamental, tem o grande mérito de conjugar duas características que dificilmente aparecem juntas: uma grande força de pensamento e uma invejável objetividade de apresentação.