Ao comparar a abordagem ecológica às teorias mais ortodoxas da cognição musical vinculadas ao processamento interno de sinal, Oliveira postula, corroborando autores centrais do paradigma dinâmico da cognição, que as noções de processamento interno, da representação mental e do reducionismo não são condições si ne qua non para o estudo da cognição musical. Por fim, mas não menos importante, apesar da tecnicidade da discussão e do esforço do autor em torná-la mais palatável ao leitor não especializado, o texto apresenta inúmeros encaminhamentos que levam a aportes importantes e atuais no escopo da pesquisa em artes e humanidades. Teorias como a da Cognição Incorporada e Situada e do enacionismo facultam um olhar que pode se colocar de diferentes perspectivas, considerando os locais de fala e de percepção – e portanto de atuação – que podem escapar aos domínios hegemônicos do pensamento e da ação e das epistemologias que daí decorrem. Nesse sentido, é riquíssima a discussão apontada neste trabalho sobre o pensamento decolonial e sua inserção dentro dos paradigmas representacionistas da ciência cognitiva e da cognição musical. Essa relação entre o pensa- mento decolonialista e a ciência cognitiva dinâmica longe de ser encerrada é apenas sugerida aqui, abrindo portas a novas investidas nessa linha de inquirição bastante atual e desafiadora, que certamente trarão novas contribuições inovadoras ao domínio dos estudos filosófico-cognitivos realizados por André Luiz Gonçalves de Oliveira.