O Mar Mediterrâneo é um elemento importante na vivência das populações que o rodeiam. No século XXI, é utilizado para o desenvolvimento de actividades económicas, bem como para a deslocação de pessoas e bens. As populações contemporâneas usufruem da sua multiplicidade numa base diária, e todos os avanços tecnológicos não desvalorizaram a componente marítima nas vidas dos habitantes da bacia do Mediterrâneo. Imagine-se, portanto, o valor incalculável que este mar teria na vida das civilizações da Antiguidade, num período em que não havia recursos como a informática, a aviação, ou até as grandes auto-estradas e caminhos de ferro que facilitam as deslocações. Não desvalorizando a importância dos movimentos terrestres, é importante observar os cursos marítimos e fluviais na Antiguidade com particular atenção, visto que permitiam deslocações mais velozes e, na maioria dos casos, mais seguras, apesar de todos os perigos inerentes à navegação. A importância do Mediterrâneo leva as civilizações da Antiguidade a procurar estabelecer a sua influência no espaço marítimo, o que cria tensões entre as cidades-estado, traduzindo-se naquilo a que se chama, no título desta obra, a «luta pelo Mediterrâneo». Neste estudo, observar-se-á um momento específico do conflito pelo controlo marítimo, contrapondo duas civilizações: Roma e Cartago. Diferentes na sua organização e propósitos, partilham o objectivo de dominar o mar, algo que as levará à construção de talassocracias com moldes particulares. O período específico tratado nesta obra corresponde, na sua maior parte, à Primeira Guerra Púnica (246 a. C. – 242 a. C.). A reflexão sobre questões do foro militar, político e diplomático pretende mostrar ao leitor aquilo que foi um momento de viragem na História da relação das civilizações com o mar, levando à transição do domínio cartaginês do Mediterrâneo para aquilo que são os primeiros passos da talassocracia romana.