O projeto poético de Paulo Henriques Britto ganha prosseguimento e renovação. Sua já conhecida predileção por formas fixas vem de novo acompanhada por imagens prosaicas e um bom humor folgado. O título do livro indica uma localização espacial ao mesmo tempo familiar e estrangeira: Macau é cidade chinesa onde se fala o português.
O autor dialoga com a tradição modernista - principalmente com Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Mário de Andrade -, mas também com João Cabral de Melo Neto, como evidencia o poema "Fisiologia da composição". Ecos drummondianos podem ser sentidos em "Bagatela para a mão esquerda". Nesse poema, assim como em Trovar claro, seu livro anterior, o autor volta a fazer um elogio da mão gauche. Em sua fraqueza, a mão esquerda é aquela capaz de maior eloqüência.
Novidade neste Macau é o forte acento biológico de certos poemas. O livro se abre com "Biodiversidade", composição que define a poesia como uma fala "esquisita" - "[...] palavras bestas estrebuchando inúteis, / cágados com as quatro patas viradas pro ar". A necessidade orgânica do ato criativo é indissociável do ritmo diário, pois "são as palavras que suportam o mundo", como registra "De vulgari eloquentia", outro poema do livro.
A poesia revela-se, assim, tão vital quanto o repasto que atende à fome ou o líquido que aplaca a sede da existência.
Código: |
113751 |
EAN: |
9788535906943 |
Peso (kg): |
0,096 |
Altura (cm): |
18,50 |
Largura (cm): |
12,50 |
Espessura (cm): |
0,60 |
Especificação |
Autor |
Paulo Henriques Britto |
Editora |
COMPANHIA DAS LETRAS |
Ano Edição |
2005 |
Número Edição |
1 |